ARETÉ

22.02.2016 -

Prêmios e vencedores

– Hoje em dia, os vencedores nos Jogos Olímpicos recebem medalhas de ouro, prata e bronze. Quais eram os prêmios recebidos nas competições da Antiguidade? – perguntou Augusto.
 
– Não havia maior glória para um grego do que ser vencedor nos Jogos Olímpicos – explicou Andréas. A vitória garantia ao atleta o que os gregos mais valorizavam: a fama, que conferia uma espécie de imortalidade. Após a morte, o atleta seria lembrado como um motivo de orgulho para seus descendentes, amigos e toda a cidade. Esse era o bem maior que os atletas perseguiam.
 
– No momento da vitória, o atleta recebia uma fita com a qual cingia-se a cabeça. Depois, em uma cerimônia, era feito o coroamento. Nos Jogos Olímpicos o prêmio era uma coroa de ramos de oliveira, que representava a imortalidade conquistada pelo atleta. Além de viver muitíssimo tempo e produzir a oliva, com a qual era feito o azeite, de um velho tronco de oliveira, abatido pelo tempo e decadente, é possível brotar uma nova árvore, que criará novas raízes. Essas seriam as possíveis razões de o ramo de oliveira ser utilizado. Existem, no entanto, outras explicações, como, por exemplo, a de que teria sido o próprio Hércules quem trouxera de suas expedições a planta para Olímpia ou a que prefere reconhecer no ramo de oliveira a representação da força vital das plantas. Essa última interpretação concorda com o fato de que cada cidade tinha sua forma de coroamento dos vencedores: em Delfos, nos Jogos Píticos, os vitoriosos eram coroados com ramos de louro; em Corinto, nos Jogos Ístmicos, com ramos de aipo.
 
– Atualmente os vencedores dos Jogos Olímpicos são recebidos com festividades e homenagens pelo mesmo motivo que na Antiguidade: porque honraram sua pátria e mostraram para o mundo que aquele país, aquela cidade, foi capaz de criar pessoas valorosas, as melhores em suas modalidades.
 
– Na Antiguidade, os vencedores ganhavam o direito de erigir estátuas em suas cidades, como reconhecimento por sua vitória em Olímpia. Havia leis aprovadas que recompensavam os vencedores olímpicos com prêmios substanciais em dinheiro, isenções fiscais e até mesmo com cargos públicos honorários. Várias ânforas que vimos nesta exposição eram prêmios recebidos pelos atletas que se sagraram vencedores em competições. Em Atenas, os vencedores recebiam um certo número de ânforas cheias de azeite, coletado entre os cidadãos sob a forma de imposto. 
 
– Tal era a alegria e o entusiasmo com que os vencedores eram recebidos em suas cidades que algumas chegavam a derrubar parte de suas muralhas para receber os vencedores. Com essa mesma honra recebiam os exércitos vitoriosos quando regressavam. Foi desse costume que se originou o hábito de erigir os “arcos de triunfo” para celebrar uma importante vitória.
 
– As estátuas, esculpidas e erigidas em espaços públicos, eram numerosas. Elas eram custeadas pela família do vencedor, por seus amigos ou pela própria cidade. O mesmo era feito com um tipo específico de poemas, chamados epinícios, encomendados para homenagear os vitoriosos. O famoso poeta Píndaro recebia muitas encomendas para compor esse tipo de poesia. Um detalhe curioso é que os poetas não cobravam menos por um poema do que um escultor para confeccionar uma estátua.
 
– Podemos imaginar a grande quantidade de estátuas que foram erigidas ao longo de séculos de Jogos Olímpicos. Infelizmente, o fanatismo religioso e a pobreza cultural que se seguiu com o fim da Antiguidade clássica foram os principais responsáveis pela destruição de incontáveis obras de arte de grande beleza.
 
– Essa linda estátua, achada em Delos, mostra um jovem amarrando, em sua cabeça, uma fita característica dos vencedores. Os estudiosos apontam esta estátua do século I a.C. como uma réplica de excelente qualidade da feita por Policleto no século V a.C. Não há unanimidade quanto a quem ela representa: uns dizem que é Apolo, outros que é Alexandre. O que é importante observar é a beleza, a delicadeza dos traços e da expressão, o movimento, a complexidade do corpo humano e da estrutura muscular captados pelo artista.
 
– No cemitério de Atenas foram encontradas lápides de atletas que morreram jovens. Seus familiares as encomendavam para que as imagens atléticas dos jovens se perpetuassem para a posteridade.

* Artigo foi extraido do livro Uma viagem à Grécia: os jogos olímpicos e os deuses, de Stylianos Tsirakis.

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