ARETÉ

27.05.2017 -

Τεχνοπαίγνια – A Poesia Visual Grega

27 de Maio – 10h  – Palestrante: Juliana Pondian. A poesia visual, comumente associada a correntes de vanguarda do séc. XX, conheceu expressão na Antiguidade. Na história da literatura grega encontram-se seis exemplares de poemas que se destacaram por constituírem-se como objetos curiosos e enigmáticos, com formas diferentes que pareciam reproduzir objetos. Esses textos ficaram conhecidos como sendo os primeiros poemas visuais compostos no Ocidente e que influenciaram desde as práticas latinas – o carmina figurata do século IV ao século IX – até os caligramas de Apollinaire e algumas experiências de vanguarda no século XX.
    A pequena coleção ficou conhecida como Τεχνοπαίγνια, “jogo de arte”. A origem da palavra é posterior aos textos, não havendo nenhum termo antigo autêntico conhecido para eles. Os poemas são: Πέλεκυς (Machado), Πτέρυγες Ερώτος (Asas de Eros) e Ωιόν (Ovo), atribuídos a Símias de Rodes – considerado o inventor do gênero; a Συρίγξ (Flauta), atribuída a (Pseudo)Teócrito; e dois altares, βωμός (Altar), um dórico, atribuído a Dosíadas; e outro jônico, a Julio Vestino.
    Esses poemas remontam ao universo da poesia praticada no período helenístico e à cultura livresca que se desenvolvia então, em meio a toda sorte de jogos poéticos, como acrósticos, mesósticos, palíndromos, lipogramas, experimentos métricos, etc., característica dos poetas alexandrinos. Alguns estudiosos afirmam que foi esse contexto que serviu como preliminar ao aparecimento dos poemas visuais. Nesse momento, não apenas novas formas de expressão estão sendo experimentadas, mas também a construção de textos de teor enigmático e obscuro, como os grifos, sendo esta também uma característica essencial dos Τεχνοπαίγνια.
   Nesta palestra, serão apresentados os seis poemas levantando suas características principais de construção, a relação entre os desenhos e o tema abordado, e algumas hipóteses acerca da misteriosa origem dos textos.
JULIANA DI FIORI PONDIAN (julianapondian@gmail.com) Doutora em Letras na área de Semiótica e Linguística Geral pela USP e bacharel em Letras Grego/Português pela mesma universidade. Realizou pesquisas em linguística, semiótica, poesia e línguas e literaturas clássicas, com diversas publicações na área. Em parceria com Daniel Miranda, é autora da primeira tradução do Kama Sutra (Tordesilhas, 2011) direto do sânscrito para o português. Atualmente, prepara uma antologia de poesia visual sânscrita, grega e latina, a ser publicada ainda em 2017 pelo selo Demônio Negro.
27/05/2017 – 10h
Local: Rua dos Macunis 495
Doação Sugerida R$ 20,00

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